quinta-feira, 4 de agosto de 2011

De forma irônica, Alcione critica violência contra a mulher

A cantora Alcione, a “Marrom”, em seu disco De Tudo Que Eu Gosto lançou a música Maria da Penha, em que ataca, de forma bem humorada, a violência contra a mulher.
Alcione comentou, em entrevista, que pediu aos compositores amigos para que fizessem uma música que falasse sobre essa onda de violência contra a mulher. Para artista, acabaram fazendo uma música muito chorosa, que nada tinha a ver com ela. “Parecia que eu estava pedindo desculpas ao agressor”, brincou.
Então, segundo Alcione, o compositor Paulinho Rezende enviou a letra de Maria da Penha, que faz referência à lei que pune com prisão os agressores de mulheres, que fala do assunto de uma forma irônica e que retrata uma mulher que reage à violência com força e determinação.
Analise a letra da música, deixe seu comentário, sua opinião sobre o assunto.





Maria da Penha
Alcione
Composição: Paulinho Resende e Evandro Lima


Comigo não, violão
Na cara que mamãe beijou
Zé Ruela nenhum bota a mão
Se tentar me bater
Vai se arrepender
Eu tenho cabelo na venta
E o que venta lá, venta cá
Sou brasileira, guerreira
Não tô de bobeira
Não pague pra ver
Porque vai ficar quente a chapa
Você não vai ter sossego na vida, seu moço
Se me der um tapa
Da dona "Maria da Penha"
Você não escapa
O bicho pegou, não tem mais a banca


De dar cesta básica, amor
Vacilou, tá na tranca
Respeito, afinal,é bom e eu gosto
Saia do meu pé
Ou eu te mando a lei na lata, seu mané
Bater em mulher é onda de otário
Não gosta do artigo, meu bem
Sai logo do armário
Não vem que eu não sou
Mulher de ficar escutando esculacho
Aqui o buraco é mais embaixo
A nossa paixão já foi tarde
Cantou pra subir, Deus a tenha
Se der mais um passo
Eu te passo a "Maria da Penha"
Você quer voltar pro meu mundo
Mas eu já troquei minha senha
Dá linha, malandro
Que eu te mando a "Maria da Penha"
Não quer se dar mal, se contenha
Sou fogo onde você é lenha
Não manda o seu casco
Que eu te tasco a "Maria da Penha"
Se quer um conselho, não venha
Com essa arrogância ferrenha
Vai dar com a cara
Bem na mão da "Maria da Penha"

Fontes: http://letras.terra.com.br/alcione/1092644/ http://colunas.imirante.com/platb/pedrosobrinho/2007/08/27/de-forma-ironica-alcione-critica-violencia-contra-a-mulher/

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Vulgarização da imagem da mulher


Assim como esta, muitas outras letras de músicas denigrem a imagem da mulher, nós mulheres já preenchemos os espaços que haviam para serem ocupados. As lacunas agora são poucas. Batalhas foram vencidas. Hoje somos motoristas de táxi, de ônibus, caminhoneiras, operárias, executivas, empresárias, juízas, advogadas, políticas, enfim temos exemplos de mulheres em diversos setores, ocupando todos os tipos de cargos, desde o mais baixo até o mais alto. Mas de que adianta plantar e não cultivar? Vemos em nossa sociedade uma vulgarização de nossa imagem, De que adianta conseguir o respeito, mas não se dar o devido valor? Vemos mulheres da dita "música" brasileira, cantando aos quatro ventos que um "tapinha não dói", e oferecendo "o biquinho do peitinho" para o povão. Vemos mulheres com corpos lindos, e também aperfeiçoados clinicamente (o que não é crime, rsrs), tendo sua imagem usada para vender mais algum produto, revistas, lingeries, cerveja e outros. É engraçadinho, é irônico, é "brincadeirinha" só pra dar lucro, mas também é grotesco, é de péssimo gosto, é machista e vulgar, é violência moral, além de ser apologia à agressividade contra a mulher. Leia, analise a letra da música e dê sua opinião na enquete ao lado, será que MC Naldinho (compositor da música) está correto? Será que realmente só um tapinha não dói?
Jane Ribeiro Lima


Um Tapinha NãO Doi

Vai Glamurosa
Cruze os braços no ombrinho
Lança ele prá frente
E desce bem devagarinho...
Dá uma quebradinha
E sobe devagar
Se te bota maluquinha
Um tapinha eu vou te dar
Porque:
Dói, um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Só um tapinha...(2x)
Vai Glamurosa
Cruze os braços no ombrinho
Lança ele prá frente
E desce bem devagarinho...
Dá uma quebradinha
E sobe devagar
Se te bota maluquinha
Um tapinha eu vou te dar

Porque:
Dói, um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Só um tapinha
Dói, um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Um tapinha não dói...
Em seu cabelo vou tocar
Sua bôca vou beijar
Tô visando tua bundinha
Maluquinho prá apertar...(2x)
Vai Glamurosa
Cruze os braços no ombrinho
Lança ele prá frente
E desce bem devagarinho...
Dá uma quebradinha
E sobe devagar
Se te bota maluquinha
Um tapinha eu vou te dar
Porque:
Dói, um tapinha
Dói, Dói, Dói, Dói
Dói, um tapinha
Dói, Dói, Dói, Dói
Dói, Dói, Dói, Dói
Dói, Dói, Dói, Dói...
Dói, um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Só um tapinha
Dói, um tapinha não dói
Um tapinha não dói
Um tapinha não dói...
Vai Glamurosa
Cruze os braços no ombrinho...(3x)
Lança ele prá frente
E desce bem devagarinho...
Dá uma quebradinha
Dá uma quebradinha
Dá uma quebradinha
E sobe devagar
Se te bota maluquinha
Um tapinha eu vou te dar
Porque: Só um tapinha!

Fontes: http://letras.terra.com.br/furacao-2000/15575/~
http://www.roquenrou.com.br/roquenrou/leitores.asp?cod=48

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Música: hip hop pela não violência contra as mulheres

Vale a pena escutar as músicas produzidas pelas participantes do projeto Minas da Rima – As Mulheres do Hip Hop unidas pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. O objetivo do projeto foi “introduzir no universo da cultura Hip Hop a perspectiva de gênero, a reflexão e a compreensão dos fatores que levam à violência contra a mulher [...] aproveitar o potencial questionador do Hip Hop para colocar em pauta este tema.”
As músicas que resultaram estão disponíveis no site. Colamos aqui os links diretos para facilitar.
001 – Mulheres de Atitude – (Alessa – Jamille – JC)
002 – Rosas – (Atitude Feminina)
003 – Ciclos Refletidos – (Liliãn – Queen – Nega Liza – Negramone)
004 – Retrato Falado – (Alessa – Jamille – JC – Primadonna)
005 – Marcas que ficam – (Negra Rô – Nega Liza – Missa Black – HL)
006 – Calada não vou mais ficar – (Vera Verônika – Aninha – Edd Wheller)
007 – Boladona – (Marcia 2 Pac – Luciana Nascimento – Jamille–Joy-C)
008 – Direitos de Mulher – (Baby Soul – Re-Fem – Carli)
009 – Mulher Negra, tem que respeitar – (Tulani Massai – Re-Fem – Denise – Flácia Souza – Joy-C)
010 – Violência Continuada–(Edd Wheller–Flávia Souza–Afro Lady–Joy-C)
011 – Mais Paz – (Bebel do Gueto – Afro Lady – Flai)
012 – Guerreira que é guerreira, nunca gela – (Lica MC – Bia – Charlene – Sandra)
013 – Minas da Rima X Violência Contra a Mulher – (Rúbia – Sharylaine – Tiely Queen)

A experiência também rendeu um filme, Guerreiras do Brasil, que narra histórias de violência enfrentadas por cantoras brasileiras. Já foi exibido em alguns festivais, e recentemente passou no Rio de Janeiro, seguido de bate-papo.
para acessar os links das músicas, consulte a fonte:
http://retomeatecnologia.wordpress.com/2008/12/05/musica-hip-hop-pela-nao-violencia-contra-as-mulheres/

Amélias, loiras burras e popozudas – A violência contra a mulher na música brasileira

Publicado em março 08 America/Recife 2009 por Roberta Almeida

Apesar de não podermos comparar, a música popular brasileira da época de ouro do rádio nacional com o que é produzido atualmente, pois os tempos e valores culturais são outros, neste artigo tentaremos pelo menos fazer algumas citações, as quais, ao longo dos anos foram cometidas contra a mulher. Isso servirá de reflexão para os que viveram décadas passadas e, quem sabe, abrirá um pouco os olhos dessa juventude encantada com o produto que os grandes veículos de comunicação massificam como se fosse a real cultura nacional.
É correto afirmar que desde o surgimento do homem, a comunicação e principalmente a música em suas variadas manifestações também apareceram em paralelo. Eram os rituais dos combates, colheitas e das festas populares em todas as regiões do planeta, as quais envolviam os participantes numa celebração coletiva. Com a revolução industrial e a consequente mudança dos valores da civilização, o planeta jamais foi o mesmo.
No caso particular da música, com a invenção do gramofone e dos discos, começou também a surgir a canção do entretenimento. Ou seja, além da composição mais elaborada em termos de melodia, harmonia, arranjo e mensagem, sempre existiu também a de apelo mais fácil, a qual sempre foi o filão mantido pela indústria cultural para justificar inclusive sua existência.
Com relação a violência contra a mulher na música brasileira, uma composição cuja letra inclusive se tornou dito popular em referência a subserviência da mulher foi "Ai que saudades da Amélia" (Ataulfo Alves/Mário Lago) "… As vezes passava fome ao meu lado. E achava bonito não ter o que comer. E quando me via contrariado, dizia meu filho, o que se há de fazer. Amélia não tinha a menor vaidade. Amélia que era mulher de verdade.

O mesmo Mário Lago já havia escrito também "Número Um", sobre uma mulher de muitos homens: "… Pois entre teus mil amores. Eu sou o número um". Essa era "agressão" que a mulher sofria nas décadas de 40 e 50 pois o machismo era muito comum. O sambista Wilson Batista convocava em "Emília" – "Eu quero uma mulher. Que saiba lavar e cozinhar. E que de manhã cedo me acorde na hora de ir trabalhar…". Podíamos citar outras inúmeras criações, as quais detratavam a sexo feminino, no entanto, apesar de tudo, nenhuma pregava a violência contra ela, no máximo a expunha como objeto de cama e mesa.
Isso se faz muito patente principalmente nas marchinhas carnavalescas, as quais, dentre muitas, podemos citar a "Maria Escandalosa" – "Maria escandalosa, desde criança sempre deu alteração. Na escola, não dava bola, só aprendia o que não era da lição. Depois a Maria cresceu, juízo que é bom não colheu. E a Maria escandalosa, é mentirosa, é preguiçosa, mas é gostosa…"
O compositor pernambucano Capiba discordou na época, da violência contra o sexo "frágil" quando aproveitou um dito popular e criou seu frevo "Cala a boca menino" – "Sempre ouvi dizer que numa mulher não se bate nem com uma flor. Loura ou morena não importa a cor. Não se bate nem com uma flor. Já se acabou o tempo em que a mulher só dizia então: Chô galinha, cala a boca menino, ai, ai, não me dê mais não…"
Já na década de 60 algumas propostas musicais agressivas contra a mulher eram cantadas em "Brotinho Maluco" – "… Brotinho eu acabo, te botando no colo e te dando palmada…". Nessa época um samba com a mesma temática se tornou conhecido: "Bata nego" – "Bata nego, pode bater, bata com força que eu gosto de sofrer… e quanto mais ela apanhava. Mais ela dizia. Bata nego pode bater…"
Nesse período o menestrel Juca Chaves com suas sátiras musicais também alfinetou o mulherio como "Alça de caixão" – "…Pois mulher é como alça de caixão, quando um solta, vem o outro e põe a mão… O sambista Martinho da Vila depreciou as feministas da década de 70 com "Você não passa de uma mulher". Nesse mesmo período composições de Gonzaguinha, Milton Nascimento, Chico Buarque, Ivan Lins, Gilberto Gil e Caetano Veloso, louvaram a atuação das mulheres na luta ao lado dos homens.
Além dos compositores citados, a criação "Mulher (Sexo Frágil) de Erasmo e Roberto Carlos, em homenagem a companheira e mãe dos filhos do Tremendão, se tornou uma espécie de hino da geração. O "Rei da Juventude" aproveitou também para declarar seu amor musical as mulheres que usam óculos, de quarenta anos, gordinhas e etc. Desse novo tempo o cantador Otacílio Batista deu o mote "Mulher nova bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor", o qual Zé Ramalho colocou melodia e Amelinha cantou, virando o tema principal do seriado televisivo global sobre o cangaço, trilha sonora de Maria Bonita.
A maior depreciação da mulher na música brasileira começou na década de 90 quando, entre outros fatores, foi iniciado o culto ao bumbum com bem mais ênfase do que havia acontecido na época das chacretes comandadas por Rita Cadilac e a "cantora" Gretchen. A indústria fonográfica percebeu a preferência nacional masculina e apostou todas as suas fichas no novo Midas. Fabricou o Tchan e sua Carla Perez e aí vieram as outras seguidoras do culto a bundofília.
Paralelo a isso, a erotização das coreografias das bandas da Bahia, as quais também popularizaram os carnavais fora de época, surgiu uma nova vertente da cultura da massificação. O grupo Mamonas Assassinas foi o primeiro a implementar a palavrão subliminar em suas criações e como o público infantil e adolescente era o alvo fácil de sua comunicação, as crianças começaram a conviver com uma linguagem antes restrita aos adultos.
Como o público infantil e o adolescente se deixa levar de roldão pelos apelos dos grandes veículos e comunicação, notadamente a televisão e o rádio, as fábricas dos discos jogam pesado na divulgação de seus produtos nessas duas vertentes de divulgação. Com isso, também veio o culto as falsas louras, satirizado e popularizado por Gabriel O Pensador em "Lôraburra".
Atualmente, a linguagem subliminar com citação de partes sexuais, iniciada pelo Mamonas Assassinas, aliada a bundofilia, está sendo divulgada amplamente de modo concreto em "músicas" por um tal de Tigrão e sua turma do funk, no Rio de Janeiro e já virou mania nacional. Termos pejorativos como "popozuda" e "preparada" são bradados ao longo da batida mecânica do som que embala as alucinadas galeras. Isso reflete a atual decadência por que passa os valores da atual sociedade. O que mais me revolta ainda, são os adultos que acham engraçados esses atuais adjetivos e a nova moda. Isso sem mencionar o público mais indefeso, das "inocentes" crianças e adolescentes femininas que são chamadas de cachorras e ainda rebolam o tchan.
Lí na imprensa que a Rede Bandeirantes irá colocar no ar um programa semanal de duas horas dedicado ao funk. Creio que se houvesse um cumprimento na legislação da TV brasileira esse tipo de informação não seria passada pela telinha, pois, pelo que se tem notícia em todo o Brasil, inclusive em Fortaleza, sempre ocorre violência entre as galeras desses bailes funks. Inclusive no Rio de Janeiro, o jornal O Dia está denunciando numa série reportagens, todas as atrocidades cometidas com as garotas que pensam em se divertir e acabam abusadas sexualmente nessas festas.
Fico pensando em qual "jogada musical" as multinacionais do disco no Brasil vão apostar depois que essa onda passar. O que idealizar, depois que vi as declarações do tal Tigrão, "As pessoas gostam desse erotismo. Mas se você analisar as letras nem são tão pesadas. Até por que o público infantil ouve funk". Vale salientar que uma das "músicas" dele chama-se "Máquina do Sexo" onde orgulha-se – "… Eu transo igual a um animal…". Isso sem falar em "Jonathan II" interpretada por um menino de 7 anos: "…Sábado e Domingo eu solto pipa e jogo bola. Mas já estou crescendo com muita emoção. E eu já vou pegar um filé com popozão…" Imaginem agora umas mensagens mais leves do que essas
(Fonte: http://robertamalmeida.wordpress.com/2009/03/08/amelias-loiras-burras-e-popozudas-a-violencia-contra-a-mulher-na-musica-brasileira/)

Canção: violência contra a mulher.

Um tapinha dói, sim!
Susan Christina Forster
Elaborado em 04/2008.
( Fonte: http://jus.uol.com.br/revista/texto/11282/cancao-violencia-contra-a-mulher)


Um tapinha pode até causar pouco sofrimento físico, mas provoca lesões de difícil cicatrização na vítima e em todo o tecido social.
Recente decisão da 7ª Vara Federal de Porto Alegre, ora em fase recursal, condenou uma produtora a pagar R$ 500 mil por dano moral difuso à mulher, decorrente da letra da canção "Tapinha" na qual o autor afirma que vai dar "um tapinha" por que "Dói, um tapinha não dói". Esta mesma canção já havia sido citada pelo Tribunal Superior do Trabalho em ação indenizatória por dano moral. No caso, empregados de operadora de telemarketing eram obrigados a dançar e cantar ao som de "Tapinha" e "Dança da Garrafa", dentre outras.
A canção "Bomba no Cabaré" - Mastruz com Leite ("Jogaram uma bomba no cabaré... Voou pra todo canto pedaço de mulher") foi objeto de inúmeros protestos.
Embora haja certo consenso na jurisprudência de que as liberdades públicas não são absolutas, quando o assunto é a incitação e a banalização da violência contra a mulher não são poucos os que acreditam que o Judiciário age com certo exagero, negligencia o direito de liberdade de expressão e até mesmo restaura a censura.
A sentença da 7ª Vara Federal de Porto Alegre nada mais fez do que reafirmar que a liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação não é absoluta e que deve ser exercida em harmonia com demais direitos assegurados constitucionalmente, como é o caso, por exemplo, do direito à dignidade humana, a promoção do bem social e o respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Não pretendo neste espaço analisar dispositivos legais de proteção à mulher, que incluem a conhecida Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 07.08.2006), a qual determinou inclusive ao poder público que desenvolva políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Neste tocante, vale observar também que os serviços de radiodifusão pública prestados por órgãos do Poder Executivo ou mediante outorga a entidades de sua administração indireta, devem observar, dentre outros, princípios de respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família e a não discriminação de gênero (Lei nº 11.652, de 07.04.2008).
O objeto deste texto porém é focalizar o fenômeno das canções, presentes em nosso dia-a-dia de maneira praticamente imperceptível, mas que constituem forma de expressão com enorme força de comunicação. Não tivessem tanto poder as canções, os governos ditatoriais não expenderiam esforços censurando músicas e letras.
Vale relembrar que, já no período greco-romano, texto e música estavam fortemente associados, servindo a música para memorizar e divulgar os épicos e a poesia. Com a escrita, e mais recentemente as técnicas de gravação, texto e música encontraram mídias para sua preservação e ampla divulgação.
A letra de uma canção tem característica muito própria, já que no mais das vezes não foi criada para apenas ser lida ou declamada. Sua força e representação está vinculada à música (melodia, harmonia e ritmo). Fala-se na unicidade da canção, porquanto o som da música e da voz, combinados com a mensagem do texto, fazem emergir conteúdos e sentimentos próprios e diferentes daqueles que resultariam da apresentação isolada de seus elementos constitutivos.
Quando cria sua canção, o compositor vale-se e incorpora não só suas próprias experiências, mas também todo o contexto e circunstância em que vive, o que permite a sua compreensão por muitos e, não raro, revela a trama e o urdume de que é composto determinado grupo social. Por esta razão, a canção é freqüentemente objeto de estudo por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, que a analisam por diferentes ângulos (e.g., histórico, sociológico, religioso).
A música de uma comunidade reflete a sua identidade coletiva. Embasados na teoria desenvolvida por Rolando Benenzon, autoridade na teoria e no estudo da musicoterapia, especialistas reconhecem inclusive a existência de uma Identidade Sonora (ISO) Cultural que age no pré-consciente dos indivíduos que integram determinada comunidade.
Constituem objeto de estudo pela ciência os múltiplos efeitos que a música, a potência do som e certos fenômenos acústicos podem gerar no ser humano. São conhecidas as respostas que um determinado som pode provocar, inclusive no aprendizado e no condicionamento. Ninguém ignora que as canções são usadas desde o jardim da infância até os cursinhos pré-vestibulares para catalisar a memorização. Ademais, policiais e militares se valem de canções em seus exercícios e treinamentos e para preparar suas missões e enfrentamentos, conforme realçado no filme Tropa de Elite.
Para Oliver Sacks, a rima, a métrica e o canto constituem os mais poderosos recursos mnemônicos, presentes em qualquer cultura, favorecendo a retenção de informações de maneira consciente e inconsciente.
A canção, casamento das sonoridades da música e da voz com o texto, com seu enorme poder de comunicação e condicionamento, impregna nosso cotidiano, nossa memória, nosso consciente e inconsciente e é, como que imperceptivelmente, transmitida de geração em geração.
Assim, é extremamente positivo que setores da sociedade e o próprio Judiciário estejam atentos às canções que incitam a violência contra a mulher (ou minorias), valendo-se de ritmos populares como o funk e o forró, e também aos conhecidos "proibidões", que fazem, no mais das vezes, apologia ao crime.
Cabe à sociedade denunciar e ao Judiciário a difícil tarefa de estabelecer limites e harmonizar, caso a caso, o exercício das liberdades públicas, já que não se concebe que uma garantia constitucional possa ser invocada para escudar a violação de qualquer outra.
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Referências
• Ação Civil Pública nº 2003.71.00.01233-0/RS, Porto Alegre, 19 de fevereiro de 2008. Disponível em:
http://www.trf4.gov.br/trf4/processos/visualizar_documento_gedpro.php?local=jfrs&documento=3104265&DocComposto=&Sequencia=&hash=8c38c87c37d2d51d2c5b9dc755761c84. Acesso em 09/04/2008.
• Processo nº TST - AIRR-4543/2005-001-12-40.4. Acórdão 1ª Turma. Brasília, 27 de junho de 2007. Disponível em: http://brs02.tst.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=ITRE&s1=ass%E9dio+e+moral+e+m%FAsica&.... Acesso em: 31/03/2008.
• Câmara dos Deputados - DETAQ. Sessão 195.1.53.0. Discurso da Sra. Ana Arraes, PSB-PE, de 09 de agosto de 2007. Disponível em:
http://www.camara.gov.br/internet/sitaqweb/TextoHTML.asp?etapa=5&nuSessao=195.1..... Acesso em 17/12/2007.
• BEZERRA, Sheila. Expressões ilimitadas e liberdades tolhidas: um olhar crítico sobre a liberdade de expressão. Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos, 25 de junho de 2007. Disponível em
. Acesso em 12/11/2007.
• Fundação Joaquim Nabuco. Ministério da Educação. As "Paradas de Sucesso" e a Banalização da Violência contra a Mulher. Disponível em:
www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet? publicationCode=16&pageCode=377&textCode=9...>. Acesso em 12/11/2007.
• SACKS, Oliver. Alucinações Musicais: Relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo, Companhia das Letras, 2007, p. 231.
• DREHER, Sofia Cristina. A Canção: um Canal de Expressão de Conteúdos Simbólicos e Arquetípicos. Revista Brasileira de Musicoterapia. Ano X, nº 8, Goiânia: janeiro, 2006. p. 127-144, 2006.
• MORAES, José Geraldo Vinci de. História e Música: Canção Popular e Conhecimento Histórico. Revista Brasileira de História. v. 20, nº 39, São Paulo: 2000, p. 203-221.
• FIÚZA, Alexandre Felipe. Entre Cantos e Chibatas: a pobreza em rima rica nas canções de João Bosco e Aldir Blanc. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. Campinas, São Paulo, 2001. p. 49-58.
• BRUSCIA, Kenneth E.. Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2ª edição, 2000, p. 2 e 153 e 154.
• BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia. Contribuição ao conhecimento do contexto não verbal. São Paulo: 2ª edição, Sumus Editorial, 1988, p. 23 e 35.

Para juiz, "Tapinha" descreve humilhação contra a mulher

Matheus Pichonelli e Felipe Bächtold da Agência Folha


"Tapa na Cara" pode; "Tapinha", não. Esse é o entendimento da Justiça Federal de Porto Alegre, que condenou a produtora Furacão 2000 Produções Artísticas -responsável pelo funk "Tapinha", do refrão "Tapinha não dói", sucesso de Mc Naldinho e Bella Furacão em rádios e casas noturnas do país no começo da década- a pagar R$ 500 mil por danos morais às mulheres.
Na mesma decisão, no entanto, eximiu de responsabilidade a Sony Music pela música "Tapa na Cara", do grupo Pagodart, lançada pela gravadora em CD.
A ação foi movida pelo Ministério Público Federal a pedido da ONG Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, de defesa às mulheres.
De acordo com a ONG, ambas as letras das músicas eram "ofensivas à dignidade da mulher", "influenciavam o cotidiano das pessoas" e "banalizavam a violência", além de serem discriminatórias e de legitimarem a violência masculina.
A Themis pediu também a condenação da União por permitir a difusão das músicas.
Queria que a União fosse condenada a cumprir um artigo da Convenção de Belém (PA) para promover a "inclusão, nos contratos de concessão de exploração dos meios de comunicação, de cláusulas específicas que importem em observância dos parâmetros de erradicação da violência e promoção da dignidade da mulher".
A Justiça, entretanto, condenou apenas a Furacão 2000.
"Artística"
Para o juiz Adriano Vitalino dos Santos, o tapa descrito no funk provocava dor física e abalo psíquico.
Na outra canção, o tapa era uma manifestação "artística" que aborda o masoquismo.
De acordo com o juiz Santos, a música "Tapinha" (Se te bota maluquinha/Um tapinha eu vou te dar porque: Dói, um tapinha não dói), de Mc Naldinho e Bella Furacão, descreve uma situação de um gesto humilhante.
"O "tapa" (...) evidentemente causa dor física na vítima, além do abalo psíquico decorrente da humilhação que o gesto em si constitui", escreveu Santos na sentença.
Já sobre a música "Tapa na Cara" (Tapa na cara/Na cara mamãe/Se você quiser, ai eu vou te dar), o magistrado afirmou que a letra "apenas relata um encontro amoroso entre um homem e uma mulher, que implora ao parceiro para que lhe dê tapas durante o ato sexual".
"Na esfera privada, é vedada a quem quer que seja, Estado ou particular, a intromissão sem consentimento."
A ação tramitava na Justiça Federal em Porto Alegre desde 2003. A sentença foi proferida em Mafra (SC), em 19 de fevereiro, durante um mutirão da Justiça.
Omissão
Rúbia da Cruz, coordenadora da ONG Themis que elaborou a representação que deu origem à ação na Justiça, afirma que vai recorrer da decisão que absolveu a Sony Music e a União.
Para a entidade, o Estado se omitiu ao permitir a veiculação pelo país de duas músicas com conteúdo que ofende as mulheres. Rúbia da Cruz, porém, diz que foi surpreendente o valor que a Furacão 2000 acabou condenada a pagar.

A Folha procurou ontem à tarde o juiz Adriano Vitalino dos Santos para comentar a decisão, mas foi informada, em seu gabinete, que tudo o que ele poderia informar constava da sentença.
Mais importante é o simbolismo da decisão gaúcha, diz ministra
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Feministas, pesquisadores da USP e da Unicamp, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e até a Anistia Internacional dizem repudiar o funk "Tapinha", que, segundo eles, "dói, sim [e humilha]". E aplaudiram a decisão da Justiça Federal gaúcha segundo a qual a letra "banaliza a violência contra as mulheres".
"A música é de um grau de liberdade sem limites que associa erotismo e violência contra a mulher. Está na contramão do debate da violência contra as mulheres. Não pode ser defendida como uma expressão artística inocente. O que está em discussão é a responsabilidade cultura e social de um grupo que exerce influência de massa", diz a feminista Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, que desenvolve projetos sobre direitos da mulher.
Para a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, "a decisão da Justiça é muito boa".
"O que é mais importante é o simbolismo [da decisão]. A sociedade vai se acostumando a isso. Então um tapinha não dói nas crianças, um tapinha não dói nas mulheres e isso se vulgariza. É banalizar a violência e a forma de as pessoas se relacionarem", afirmou a ministra.
A socióloga Vânia Pasinato, do Núcleo de Estudos da Violência da USP e pesquisadora da Unicamp, diz que o funk "Tapinha" é discriminatório e reforça a idéia de que a violência contra as mulheres não deve ser combatida.
"A música passa essa mensagem. Tapa de amor não dói? Dói. E muito. A música tem um caráter discriminatório. E [a decisão é] uma medida positiva, que deve servir de alerta para que se promova mais a igualdade e menos a violência. Não se combate a violência só pelo agressor. A maneira mais eficaz é mexer na cultura e na educação", avalia Pasinato.
Em relatório, a Anistia Internacional diz que a letra "Se te bota maluquinha / um tapinha vou te dar / Porque / Dói, um tapinha não dói" é "exemplo de uma grande aceitação cultural da submissão feminina".
"A mídia às vezes estimula a visão de que a violência contra a mulher é aceitável, até sexy", diz o relatório.
Para a ministra, não houve exagero do politicamente correto. "Um tapinha dói, sim. Humilha. Sou mulher e não gosto de ser tratada dessa maneira."

Advogado de produtora diz que funk não tem conotação sexual
DA AGÊNCIA FOLHA
O advogado da Furacão 2000, Marcos Campuzano, afirmou ontem que vai recorrer da decisão judicial que condenou a empresa a pagar R$ 500 mil como indenização por dano difuso às mulheres por causa da música "Tapinha".
Ele contestou o argumento usado pelo juiz Adriano Vitalino dos Santos de que a música é uma ofensa a todas as mulheres do Brasil. "Além de ser uma atitude contra a liberdade de expressão, como é possível provar que milhões de pessoas se ofenderam com a música? É algo muito subjetivo. Na minha avaliação, a ONG [Themis, com sede em Porto Alegre] não tem legitimidade para dizer isso."
Campuzano disse ainda que a letra não tem conotação sexual. Segundo ele, o autor, Mc Naldinho, fez a música como forma de criticar a "permissividade" dos pais em relação aos filhos.
"Ele [Mc Naldinho] deu um tapinha no traseiro da filha uma vez e ela disse: "Pai, um tapinha não dói". E resolveu fazer a música para criticar a posição dos pais que não sabem dizer não aos filhos", disse.

Segundo ele, o juiz condenou a empresa porque no Brasil existe preconceito em relação ao funk. "Por que não fizeram o mesmo com a boquinha da garrafa, que tinha claramente conotação sexual e passava no Faustão? Porque o funk é alvo de preconceito", afirmou.
O advogado disse haver ações criminais tramitando na Justiça contra os chamados funks "proibidões", cujas letras fazem apologia ao crime e ao sexo, mas que não conhece outros casos de processo movidos por suposta ofensa em razão de letras de músicas.
Campuzano disse também que o fato de o processo correr em Porto Alegre (se houver apelação, caberá ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede na capital gaúcha, julgar o caso) atrapalha o direito de defesa, já que a Furacão 2000 tem sede no Rio.
Procurada pela Folha para comentar o assunto, a Sony Music não respondeu os questionamentos até o começo da noite de ontem.
À Justiça a Sony Music afirmou que a letra da música "Tapa na Cara" não incita a violência e é somente "a manifestação cultural das classes sociais menos favorecidas". A gravadora também argumentou que apenas produziu, distribuiu e comercializou o produto que contém a música. (MP e FB)
Em show, Caetano Veloso cantou "Tapinha", que afirmou ser linda
DA REPORTAGEM LOCAL
Vaiado num show no Rio ao cantar "Tapinha", o músico baiano Caetano Veloso defendeu à época a letra, que disse achar "linda". Segundo o cantor, a música foi incluída no show para que acompanhasse uma canção sobre a mulher.
"Eu gosto muito desta música, "um tapinha". Acho linda. Botei no meu show para uni-la a minha canção "Dom de Iludir", que é uma música transfeminista", disse Caetano à época.
Num ensaio aberto no Canecão em junho de 2001 para 3.000 pessoas, Caetano ouviu vaias ao cantar o funk.
"De onde será que saiu isso?", perguntou Caetano, surpreso com a reação do público. Após as vaias, ele comparou a platéia à Comissão de Ética do Senado - que levava à renúncia do então senador Antonio Carlos Magalhães (morto em 2007), sugerindo que o público estaria fazendo um julgamento do que ele pode ou não fazer no palco.
A Folha tentou ouvir Caetano novamente ontem, sem sucesso. Paula Toller, também vaiada ao cantar o "Tapinha", estava gravando em estúdio não pôde dar entrevista. E Adriana Calcanhotto, que também já cantou os versos, está fora do país.

---Publicado na Folha de S.Paulo, 29/03/07.

Um Tapinha não Dói! Será?

O Conhecido Funk de autoria de MC Naldinho recebeu condenação e terá de pagar uma indenização de R$ 500 mil reais que será revertida para o Fundo Federal de Defesa dos Direitos a ação foi movida pelas organizações não-governamentais que atuam na defesa dos direitos da mulher. Porém no processo ainda cabe recurso.
A letra da música faz referência à violência contra mulher, a Justiça Federal de Porto Alegre entendeu que a letra banaliza e estimula a sociedade a inferiorizar a mulher. (Fonte JC Notícia)
A decisão já causa polêmica, alguns entendem que seria uma forma de censura, uma intervenção do Estado nos direitos de expressão. Outros afirmaram que a justiça deveria preocupar-se com a prisão de criminosos.

Porém em nossa opinião, a decisão da justiça está muito bem acertada, não podemos banalizar as condutas humanas, deixando de lado valores morais, éticos de nosso povo em nome da livre expressão.
No caso de falta de regulamento positivado em lei o judiciário tem o dever de se manifestar.
E com relação às músicas de funk, convenhamos, existe muito lixo musical. Que algumas pessoas gostem do ritmo, de dançar ao som da batida é aceitável, mas algumas letras chegam a serem pornográficas. E é com as letras que devemos nos preocupar, foi com base nela a decisão judicial.
E, neste contexto, nós iríamos além da decisão judicial, acreditamos que, semelhantemente como ocorre com novelas e filmes, as músicas, em geral, deveriam possuir informações para a faixa etária que poderia ouvi-las, e a partir daí, proibindo, por exemplo, que motoristas parem seus carros em locais públicos e reproduzam músicas ofensivas e com expressões de calão.
E alguém perguntaria, mas e as liberdades individuais positivada na Constituição Federal? Responderíamos, essa liberdade está limitada, não é ampla e não é para tudo, deve atender, em primeiro plano, o interesse difuso, ou seja, interesses da coletividade e depois sim ao interesse particular na forma adequada.
De outro lado, a frase um tapinha não dói reflete a compreensão que uma parcela da população brasileira tem sobre as relações sociais.
Neste sentido, um tapinha de fato não deve doe, mas e o que vem depois? Responderemos, com conhecimento de causa, crianças, mulheres, idosos vitimas de violência que começaram com um tapinha e evoluiram.
Talvez, os defensores deste tipo de atitude também acreditem que uma roubadinha do dinheiro público não dói, que pequenas arbitrariedades policiais não dói, que ínfimas violências domésticas não dói e que homofobia e todo o tipo de preconceitos velados não doem.

Autor: Geverson Aparicio Ferrari

O Monstro Sem Rosto


Embora pareça mais um título de história infantil é assim que podemos resumir o retrato da violência contra a mulher no município de Baixo Guandu. Não está no perfil do município aparecer na mídia devido a atos de barbárie e ações truculentas de extrema violência que causam expanto e pavor na sociedade pela crueldade, frieza e a banalidade dos motivos usados como justificativa para a prática de tais atos.

Com essa premissa poderíamos facilmente cair no erro de concluir que Baixo Guandu não se pratica a violência contra a mulher. Na verdade não é bem assim; aqui como na maoria das cidades do interior, a violência contra a mulher é monstruosa, porém silenciosa, ou seja, É PRATICADA ROTINEIRAMENTE, SÓ QUE POUCO DELATADA E MENOS AINDA REGISTRADA.

Num processo normal qualquer indivíduo que chegue ao pronto socorro buscando atendimento lesionado por qualquer tipo de agressão deveria ser procedimento o pronto socorro informar imediatamente a autoridade policial. Em Baixo guandu não existe esse procedimento. A mulher depois de assistida, se quiser tem que fazer a denúncia pelos seus próprios meios. o pronto socorro não possui uma estatística de agressões físicas contra a mulher.

Não seria esse um dos caminhos para a mudança de comportamento, bem como coibir tais agressões? Podemos estudar aqui duas propostas que com certeza daria rostos aos monstros:

- Que o pronto socorro informasse a autoridade policial toda vez que uma mulher fosse assistida vítima de agressão.

- Com base nos registros do pronto socorro extratificasse esses dados divulgando-os à sociedade.

O sentimento de impunidade é hoje não só em Baixo Guandu, como em todo o Brasil uma das maiores causas de violência, seja contra a mulher ou qualquer pessoa em desvantagem social.

Precisamos mostrar o rosto desses monstros.

Maria Aparecida Sudario de Souza Bautz