quinta-feira, 6 de outubro de 2011

movimento de mulheres

Ao estudar a unidade 4, sobre os movimentos das mulheres, pude observar que em minha cidade não há nenhum movimento envolvendo as mulheres, existe a delegacia da mulher, existem, por exemplo, alguns cursos oferecidos a elas como fontes de renda alternativas, pelos Centros de Convivência, como bordado, pintura, culinária, que como tradicionalmente inferiorizam a participação da mulher no orçamento doméstico, mas movimento mesmo de mulheres com os vistos nos textos não há.

Isso pode explicar, talvez os tantos casos de abusos por parte dos companheiros, sejam agressões físicas, sejam violências simbólicas, que ocorrem aqui, mas que sabemos de maneira velada e não oficiais através de denúncias feitas às delegacias, por que digo que a falta movimentos de mulheres explica o grande número de abusos? Creio que se houvesse uma mobilização feminina em torno do fortalecimento de movimentos femininos que buscassem garantir seus direitos e defender seus, aliás nossos interesses, os casos de abusos diminuiriam pois a força do movimento daria mais coragens às mulheres agredidas seja de que forma for a denunciarem, além disso a existência de movimentos femininos acabaria coibindo os agressores a praticarem tais atos. Pois sabendo eles da existência de órgãos ( os movimentos femininos) que buscam a garantia da dignidade feminina eles iriam pensar duas vezes antes de agredi-la, na maior parte das vezes eles agridem e não são denunciados por causa da impunidade ou da demora da justiça para resolver o problema, elas sabem que a solução da justiça é demorada e o agressor durante esse tempo estará a solta ameaçando ainda mais a sua segurança e a de seus filhos e ele, o agressor estará ainda mais furioso com sua denúncia e usará de ainda mais violência contra a mulher e até mesmo contra seus próprios filhos, como temos visto na mídia.

Os grandes obstáculos das mulheres não denunciarem as agressões sofridas e continuarem caladas são justamente o medo de novas agressões caso denunciem e nada seja feito, o vergonha de passarem por essa situação e serem expostas a certos constrangimentos, além disso, há a questão dos filhos, do sustento dos filhos, pois muitas vezes apenas o companheiro é que trabalha fora, talvez tenha impedido a mulher de trabalhar e se especializar em alguma área de trabalho, então ele fica sendo único provedor de sustento da casa.
Quanto à jornada dupla, continuando o assunto da unidade anterior e ao patriarcado tratado nesta unidade, observei certa situação que me deixou assustada (assustada na verdade por que pensava que apenas eu passava por tal situação), uma colega que trabalha em duas escolas, em uma pela manhã e em outra à tarde, que contribui para o orçamento doméstico dizendo que não poderia fazer certa atividade que estava em questão aos sábados, pois esse é o único dia que ela teria para faxinar a casa, lavar roupa, se ela não fizesse bem direitinho seu marido a proibiria de trabalhar, ainda existem homens assim, mais que machistas, pois se fossem machistas apenas não aceitariam o dinheiro da mulher para ajudar no orçamento da casa, ele iria querer demonstrar sua força, seu poder arcando com todas as despesas sozinho, é mais que machismo, é exploração do trabalho feminino, egoísmo, covardia, eles geralmente chegam de seus trabalhos e vão descansar enquanto nós chegamos e temos que começar outra jornada de trabalho em casa, na maioria das vezes muito mais cansativa do que a outra, a do trabalho remunerado. Há que se apoiar mesmo os movimentos de mulheres para nos fortalecermos e coibirmos a ação opressora do gênero masculino ao feminino.

Ao ler, estudar e ficar indignada com a assimetria de gênero ainda existente em pleno século XXI, a idéia que me veio a mente é a de fortalecimento onde existe, ou de implantação onde não existe ainda uma sede para o movimento de mulheres, como, no caso, pensando como gestora, a implantação poderia ser incentivada pela prefeitura, ou Estado, no intuito de fortalecer, alertar as mulheres em relação a denuncia em caso de agressão, ou mesmo informá-las de seus direitos.
A prefeitura no caso cederia o local, uma sala ou um galpão que fosse para que semanalmente houvesse encontros das mulheres do município, o que poderia se estender para uma sede em cada bairro, caso a cidade fosse de maior porte, de início os próprios servidores municipais psicólogos, assistentes sociais, médicos entre outros organizariam palestrar para chamar atenção das munícipes sobre as questões de suas vidas, planejamento familiar, alertas sobre exploração de seu trabalho, prevenção de doenças, encorajamento a denúncia em casos de agressões enfim, assuntos do interesse delas, com o tempo o movimento poderia começar a caminhar com suas próprias pernas, com certeza desse meio surgiriam suas líderes, suas coordenadoras, cooperadoras e os encontros poderiam passar a ser para troca de experiências, ou mesmo cada participante agindo como fiscal em seu dia-a-dia observando ao seu redor casos de violência e trazendo para serem discutidos nas reuniões, ali poderiam também surgir idéias para combater as agressões e não só as agressões mas um fortalecimento da mulher em si, discussões relevantes a suas vidas.
Bom acho que a idéia é muito válida e não seria um projeto caro e dessa idéia poderiam surgir outras e outras através dos encontros e trocas de experiências e nós mulheres nos tornaríamos menos vulneráveis a abusos, explorações de todo tipo, nos sentiríamos mais fortes, capazes de nos defender procurando outras saídas.

Por Jane Ribeiro Lima

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