quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

MÓDULO 3- Políticas Públicas e Raça - UNIDADE 3- Desigualdades raciais e realização socioeconômica: uma análise das mudanças recentes

Principais conceitos apresentados na unidade:

O tema da desigualdade e da Estratificação social:

O sociólogo David Grusky afirma que estratificação social são instituições sociais que provocam desigualdades, seus itens são: os processos institucionais que definem certos tipos de bens como desejáveis e valorizáveis; as regras de posição que distribuem esses bens por intermédio dos vários postos ou ocupações na divisão de trabalho; os mecanismos de mobilidade que ligam os indivíduos às ocupações, gerando, desse modo, o controle desigual sobre recursos estimados.
Para GRUSKY, então, “desigualdade é o produto da combinação destes processos: os trabalhos, as ocupações e os papéis sociais na sociedade são combinados aos “pacotes de recompensa” que possuem valores desiguais.” (GRUSKY,1994).
O Brasil não é um país pobre, mas um país que sempre teve grande parte da sua população em condição de pobreza, mesmo que não falte recursos para combatê-la. Algumas políticas recentes de redução das desigualdades regionais, de gênero, raça e os programas de transferência de renda, desenvolvidos nos últimos anos, comprovam grandes avanços na diminuição da pobreza, mas que ainda não são suficientes para fins das desigualdades.
Segundo a antropóloga Verena Stolcke, “as diferenças de gênero, de raça/etnia, de classe são indicadores significativos da desigualdade social e interagem para reproduzir a opressão das mulheres em geral e as diferenças particulares entre elas. Para a autora, a naturalização das desigualdades sociais atua como forma de conciliar igualdade de oportunidades com a desigualdade existente, na medida em que transfere para a natureza a explicação dessas desigualdades.” (STOLCKE, 1990).

Quadro atual das desigualdades raciais no Brasil:

Para os sociólogos Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle Silva “o processo cumulativo de desvantagens é o que caracteriza a desigualdade racial no Brasil”, acompanhado das discriminações que a população negra e parda passa no decorrer de suas vidas. Ou seja, o que determina as desigualdades raciais são os chamados fatores produtivos, por exemplo, educação e experiência, mas deve ser dada evidência aos fatores não produtivos, que são cor, sexo ou região. As etapas desse modelo são:
-Origem familiar, sua situação social, número de membros da família, sua renda, condições de moradia, escolaridade da pessoa de referência e tipo de família altera as condições de oportunidades dos membros dessa família;
-A internalização de recursos: são as condições e possibilidades nas quais crianças e adolescentes das famílias iniciam sua trajetória social, ou seja, taxas de mortalidade infantil, acesso à educação infantil e a escolarização básica;
- A autonomização de status: fase do ciclo de vida na qual o/a jovem começa a adquirir status social próprio, através de acesso ao mercado de trabalho e escolha para constituição de uma nova família;
-Realização de status: fase em que o indivíduo adquire autonomia social, financeira, quando se torna “independente” do pai e mãe por exemplo.
As condições da família são consideradas por estudiosos/as do tema como um indicativo fundamental na formação das desigualdades, exatamente por adicionar, características econômicas, sociais e culturais. O número de membros da família, principalmente o número de pessoas com menos de quinze anos, a presença ou ausência de cônjuge, o nível de escolaridade pais e mães, além da renda familiar, são essenciais para a formação de sua nova geração.
Pesquisas apresentam a composição racial da população brasileira segundo regiões e mostra a concentração da população branca nas regiões mais desenvolvidas, Sul e Sudeste e enquanto a de pretos/as e principalmente pardos/as é muito maior no Norte e Nordeste o que significa que as desigualdades regionais encontradas no Brasil construídas ao longo de sua história geram ingressos muito diferenciados das populações regionais a oportunidades que vão desde as condições dos domicílios ao acesso a educação e emprego, a população preta e parda se concentra em espaços regionais menos dinâmicos e com menor acesso à estrutura de oportunidades.

As desigualdades raciais na educação:

Estudos sobre educação indicam que crianças não brancas completam menos anos de estudo do que as brancas, mesmo quando se consideram crianças da mesma origem social ou renda familiar per capita as diferenças de acesso, permanência e finalização dos ensinos médio e superior são ainda maiores. A desigualdade educacional entre brancos e não brancos se reflete nos padrões diferenciados de inserção desses grupos no mercado de trabalho.
Entre 1999 e 2008, a dimensão de jovens estudantes cursando o Ensino Superior cresce de 22,6% para 47,2%, um crescimento expressivo.
Quanto às diferenças entre os grupos de cor/raça, observa-se que o índice inicial do período analisado (1999) é muito baixo para os grupos preto e pardo, correspondendo a 7,5% e 8,4%, respectivamente, e 34,1% para os estudantes brancos/as. Em 2008, essas taxas são 29,8% (pretos/as), 30,6% (pardos/as) e 61,7% (brancos/as). As diferenças, em termos proporcionais, entre brancos/as e pretos/as e brancos/as e pardos/as cai de quatro para duas vezes. Isso ocorre graças as recentes políticas de inclusão no sistema universitário, as políticas de cotas, cursinhos comunitários, a ampliação do número de vagas entre outras, têm produzido efeitos positivos para diminuição das desigualdades raciais.
Os dados sobre taxa de analfabetismo, escolarização e anos de estudo que, mostram mesmo havendo uma melhoria desses números para todos os grupos de cor/raça, as desigualdades entre eles ainda são expressivas, ressalta-se que tanto nas regiões mais quanto nas menos desenvolvidas continua existindo maior número de analfabetismo para pretos/as e pardos/as.

As desigualdades raciais no mercado de trabalho:

As análises demonstram que o mercado de trabalho brasileiro é extremamente heterogêneo, tanto se tratando de estrutura produtiva quanto de qualificação profissional, apresenta grande oferta de força de trabalho e baixa proteção social.
Os gráficos apresentados nos textos apresentam informações sobre a escolaridade calculada pela média de anos de estudos, segundo os grupos de idade. A importância da relação entre idade e mercado de trabalho é que quanto mais velho o jovem ingressa no mercado de trabalho melhor será sua qualificação.
Observa-se que a média de anos de estudos da população ocupada, em 2008, era 8,5 anos crescendo 1,5 anos em dez anos, o que é um resultado insatisfatório.
As faixas etárias 20-24 anos e 24-29 anos apresentam uma média de anos de estudo superior (10,5% e 10,3%, respectivamente).
Quanto às diferenças entre os grupos de cor/raça, observa-se que, apesar de ter diminuído nos últimos 10 anos, ainda há vantagem do grupo branco em relação aos pretos/as e pardos/as.
Na inserção dos grupos de cor/raça no mercado de trabalho há concentração do grupo branco entre os/as assalariados/as com carteira e empregadores/as, diante da maior participação dos grupos preto e pardo entre os assalariados sem carteira. Os/As pretos/as e os/as pardos/as apresentam distinções em relação ao grupo branco, principalmente sua maior concentração de força de trabalho nos serviços domésticos.
Essas desvantagens no ingresso de homens e mulheres negros/as no mercado de trabalho em relação ao grupo branco ocorrem, por que os brancos têm maiores possibilidades de sucesso educacional, e mesmo quando conseguem romper a barreira educacional, os/as negros/as estão sujeitos à discriminação relacionados à sua cor/raça, o que impede seu acesso trabalhos mais valorizadas, resultando é um maior número de negros/as nas ocupações manuais, menos qualificadas e mais mal remuneradas, por exemplo, prestação de serviços, emprego doméstico ou pedreiros.
Os estudos sobre mobilidade e raça, no Brasil, mostram que as desigualdades raciais aumentam a medida que subimos na hierarquia de classes no Brasil, ou seja mesmo que o negro consiga estudar tanto quanto o branco, ele tem dificuldades em conseguir as mesmas posições sociais, status que os brancos

A situação das mulheres negras na educação e no mercado de trabalho:

Analisando a taxa de analfabetismo e frequência à escola, observa-se que as oposições entre homens e mulheres, quanto à educação, têm diminuído nas gerações mais novas. No caso da desigualdade racial, há uma diminuição dos índices de analfabetismo de homens e mulheres negros/as, mas se conserva grandes desigualdades em relação aos brancos.
63,8% das mulheres brancas, 34,4% das pretas e 33,4% das pardas, cursam nível superior graças as políticas afirmativas.
No caso das mulheres pretas, elas representavam, em 1999, 74% de seu grupo cursando nível superior, mostrando uma forte distorção de gênero; em 2008, diminuiu de forma significativa, passou para 62%.
Pode-se afirmar que as mulheres se encontram mais escolarizadas que os homens. Em relação às desigualdades raciais, os padrões se mantêm, tanto entre homens quanto entre mulheres, com as mulheres apresentando um melhor desempenho do que os homens e os/as brancos/as apresentando um melhor desempenho do que os/as negros/as.

Mercado de trabalho:

Em relação às mulheres negras há avanços em relação aos homens do seu
grupo de cor e desvantagens em relação às mulheres brancas. Em relação especificamente à inserção feminina no mercado de trabalho, uma das principais tendências apontadas pelos estudos a é a constituição de dois polos: 1º há um crescimento significativo, impulsionado pelos avanços educacionais, da inserção
de mulheres em ocupações não manuais caracterizadas por maior formalização e melhores rendimentos (BRUSCHINI e LOMBARDI, 2000). No polo oposto, crescem as ocupações de má qualidade, com baixos níveis educacionais, alta.
informalidade e menor renda.
Há uma forte concentração de mulheres brancas no nível superiro de ensino, enquanto as negras e pardas se concentram no serviço doméstico, as mulheres das classes mais pobres, maioria negras, tendem a buscar trabalho nos setores de prestação de serviços e para os empregos ligados à produção na indústria, enquanto que as mulheres de classe média buscam o serviço de produção e de consumo coletivo, o setor terciário, devido aos seus melhores níveis educacionais.
Concluindo, há um grande percentual de mulheres pretas e pardas no serviço doméstico, enquanto que os homens negros estão fortemente concentrados na indústria tradicional, principalmente a indústria da construção e nos serviços gerais onde há baixos salários e um grau de informalidade.

Desigualdades de oportunidades- distribuição desigual de recursos e de oportunidades sociais.

Desigualdades de resultados- identificação das formas em que as desigualdades afetam as classes sociais diferentes de pessoas.

Teoria Econômica Neoclássica – novos modelos teóricos sobre o valor, utilidade, trabalho, produção, escassez, formação dos custos e preços, propostos principalmente pelos marginalistas, surgida na década de 1870. Para os Neoclássicos, o mais importante era o funcionamento do sistema de mercado e sua maneira de alocar recursos.

Casamentos racialmente endogâmicos- casamentos entre pessoas de masma “raça” , etnia.

Mobilidade ascendente – ascensão, elevação na escala social.

Autonomização de status - fase do ciclo de vida na qual o/a jovem começa a adquirir status social próprio, através de acesso ao mercado de trabalho e escolha para constituição de uma nova família.

Realização de status - fase em que o indivíduo adquire autonomia social, financeira, quando se torna “independente” do pai e mãe por exemplo.

Background social – procedência e espaço social das pessoas.

Postado por Jane Ribeiro Lima

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